
Patologização é o ato de retirar aquilo que é humano do status de "natural" ou "normal" para transforma-lo em "doença". E aqui doença é o oposto de saúde, então aquilo que seria o normal de um sujeito se torna uma doença a ser eliminada.
Por exemplo, é normal sentir tristeza após um término de relacionamento. Porém, se já faz mais de um ano do término, dirão que "não é normal", tristeza demais, depressão, sentimento ruim e que não devia existir. Que é sua obrigação procurar ajuda pra tratar essa "dor em excesso".
De repente, tristeza se transforma em doença. Mas onde fica a régua que diz o quanto de tristeza é normal e o quanto não é? Nessa régua consta a singularidade de cada sujeito no mundo? Onde está escrito qual o "tempo normal" para elaborar um término de relacionamento?
Existiu espaço e recurso afetivo pra elaborar esse término ou foi na base do "aceita que dói menos, engole o choro"?
Despatologizar, enfim, é retirar o sofrimento do campo da doença. Pessoas diferentes possuem formas diferentes de lidar com um término e uma frustação. Às vezes parece que o outro consegue lidar com frustrações num tempo mais curto e com menos dor, e talvez isso até seja verdade. Mas isso não te torna uma pessoa doente ou incapaz de lidar com o seu sofrimento sem medicação.
Despatologizar é dar ouvido ao sofrimento singular sem pensar numa normalização dos sentimentos. Sem separá-los em certo ou errado, bom ou ruim, possível de circular no mundo ou passível de ser interditado e medicado.
Você já sentiu que a tua dor incomodava mais ao outro do que a você mesmo e se sentiu obrigado a esconder teu sofrimento pra não se sentir inadequado?
Você sente que precisa esconder sentimentos tidos como ruins ou não saudáveis?