
Transtorno bipolar, transtorno alimentar, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de personalidade, transtorno boderline...
Existe um "Manual Diagnótico Estatístico de Transtornos Mentais", publicado pela Associação Americana de Psiquiatria no qual são catalogados todos dos tipos de doença mental reconhecidos e tratados pela psiquiatria e, consequentemente, pela psicologia. Atualmente já está na 5ª edição, ou seja, desde a sua criação, por 5 vezes foram repensadas e redefinidas as formas de entender e lidar com saúde mental.
Transtorno é uma palavra escolhida para traduzir um termo inglês originalmente chamado "disorder". A tradução literal dessa palavra seria desordem. Desordem, por sua vez, significa fora de ordem, sem ordem, ausência de ordem.
Mas pra que falar sobre tudo isso?
Qualquer pessoa que receba um diagnóstico ou se identifique com algum transtorno, na prática médica, estamos falando de uma pessoa "fora de ordem". Pensamentos fora de ordem, sentimentos fora de ordem, emoçoes fora de ordem, vida fora de ordem.
Mas da ordem de quem estamos falando? Na ordem de cada indivíduo na sua própria individualidade e singularidade ou na ordem da Associação Americana de Psiquiatria aliada a grandes indústrias farmacêuticas?
Uma pessoa que busca ajuda por estar fora de ordem certamente não consegue localizar ou realizar a própria ordem, ou uma forma de ordenar-se. Por isso ela busca as ordens de um profissional.
Infelizmente, a realidade é que existem médicos e psicólogos que confundem a ordem profissional com a sua ordem pessoal, e fecham diagnósticos e orientações que tem a ver com a sua própria ordem, e não a do paciente.
O risco é de um diagnóstico errado e os próprios sentimentos e experiências de vida reduzidos a uma doença, um "conjunto de sintomas" a serem calados ou eliminados.
Então além de lidar com a própria desordem, ela passa a tentar se ordenar de acordo com um ideal da pessoa que é o médico, que pode não ter nada a ver com o ideal dela mesma. Desordenada e desorientada.
Simplesmente nomear "transtorno" é reduzir o seu sofrimento a uma desordem que pode ser reordenada com o uso de drogas psicoativas lícitas e obedecendo o médico. Com o tanto de pessoas medicadas, se eficaz, o resultado seria a redução do mal-estar social. Mas cada vez mais são mais pessoas adoecendo e tomando medicações, seguindo uma ordem que não ordena o pessoal desordenado.
Você já se sentiu sem ordem ou desorientado, tentou seguir a "receita da felicidade" de alguém, não conseguiu e ainda se sentiu culpado por não ter conseguido?