"Posso ajudar os outros, mas tento não precisar da ajuda de ninguém!"

Desde pequenos, somos socializados a partir do outro, mas para nunca depender do outro. Não estamos sozinhos na escola, mas nossa nota é individual. Nossas avaliações sempre são individuais, medindo o nosso desempenho individual.
Se conversa demais, a professora briga e coloca pra sentar distante do amigo. Se você passa cola pro amigo, mais pra frente ele rouba tua vaga no vestibular e no mercado de trabalho. Se você é pego colando
(não conseguindo sem ajuda), é punição.
O ensino é pela competição "justa" e individual. Estude enquanto eles dormem! Até trabalhos em grupo geralmente são partes individuais e separadas que se juntam num todo, e não um trabalho conjunto.
Quando aprendemos a trabalhar com a ajuda do outro? Pessoas que, numa situação em grupo de trabalho, não conseguem ou não sabem trabalhar em grupo, e interferem no resultado final. Conhece alguém assim?
Ou não tão extremo, às vezes até é possível participar de um grupo e pedir ajuda no lado profissional.
Já sobre aquela bobagem que me tira o sono, aquela besteira que me deixa inseguro o tempo todo, aquele detalhe que eu tento engolir mas sempre volta... Esse eu não falo e tento não deixar me atrapalhar.
Sabe quando estar triste ou estar mal, por algum motivo, se confunde com ser fraco?
Não é incomum os casos em que ajudar nas tristezas do outro não é errado e nem o vemos como fraco. Setembro amarelo é um grande símbolo desse pensamento social, de não diminuir a dor do outro ou resumir a uma "besteira".
Mas por que no pessoal, quando estou na esfera do "eu", meu julgamento não apenas chama a minha dor de besteira como me exige que eu engula o choro e me resolva sozinho?
Por que precisamos dar conta de tudo sozinhos? Por que não oferecemos a nós mesmos a empatia que oferecemos aos outros?
Será que "esconder essa fraqueza" não é uma forma de eu evitar lidar com a minha dor? Uma tentativa de sustentar aquele ideal infantil de ser um super-homem ou uma mulher maravilha? Um ser invulnerável e imbatível?
Aliás, quem você conhece que nunca fica mal? Ou quem você conhece que é totalmente inabalável e feliz? Sequer é possível existir no mundo essa pessoa que a gente tenta ser?
Você se pega tentando sustentar a imagem de uma pessoa sempre forte? Ou você tem facilidade de lidar com o seu lado vulnerável no social?